Joseph Tonda - Decolonizing visuality, decolonizing the mind

Resumo e bio disponíveis em francês, português e inglês:


FR

Décoloniser la visualité, décoloniser l’esprit - L’idée centrale de cette keynote est de montrer comment la puissance colonisatrice intérieure à l’esprit de celui qui voit, lui fait voir le monde autrement qu’il n’est. Car voir l’autre, c’est voir à travers la vue de cette puissance. Par exemple, voir dans un être humain un singe, un diable, un esprit, ou un humain, c’est le voir à travers l’œil du singe, l’œil du diable, l’œil de l’esprit ou au contraire, l’œil de l’humain en soi. Car il n’ y a que le singe qui reconnaît le singe en autrui, l’esprit qui reconnaît l’esprit en autrui, l’humain qui reconnaît l’humain en autrui. Ces processus visuels par lesquels l’on voit la réalité intérieure en soi comme réalité extérieure est ce que nous appelons l’impérialisme postcolonial, ou l’impérialisme des éblouissements. Celui ou celle qui est ébloui voit la réalité autrement qu’elle n’est. Cet impérialisme postcolonial des éblouissements, qui est de ce fait l’impérialisme des images, est un concept critique des théories postcoloniales, dès lors qu’elles suggèrent l’idée d’un au-delà de l’impérialisme ou de la colonisation. Car selon nous, l’on vit dans les situations postcoloniales comme l’on vit dans le rêve d’un Autrui que nos recherches sur le terrain du Congo et du Gabon, nous ont fait connaître comme le Blanc dont l’image et la patrie sont l’Argent. La valeur de l’Argent est une puissance magique dont la figure de Mami Wata, la femme blanche, Trans-nature ( à la fois poisson et humain), transgenre ( à la fois un homme et une femme), « symbolise » dans l’esprit, c’est-à-dire dans la réalité profonde de la vie quotidienne. A ce titre, le Blanc, comme l’Argent, sont des fétiches, qui donnent le bonheur. En ce sens, la patrie des Blancs est la patrie du bonheur, ce qui correspond au schéma de pensée de l’immigration où l’ailleurs européen ou américain, surtout, mais aussi, dans certains cas, l’ailleurs africain, où il y a des possibilités de se faire de l’argent, est représenté comme lieu où l’on va « chercher la vie ». De même, dans l’esprit qui prévaut dans les pays du Golfe de Guinée dont les Portugais décrivirent l’océan comme la « mer ténébreuse », il se raconte très sérieusement, comme c’est le cas au Gabon, que le célèbre Commandant Cousteau a vu des choses mystiques qu’il n’avait jamais vues dans aucune mer de par le monde. Bref, notre keynote problématisera ces visualités des choses (l’argent), des hommes ( les Blancs) , les espaces mentaux ( les pays) et les images psychiques de la violence de l’imaginaire colonial, dont les concepts d’impérialisme postcolonial, de sociétés des éblouissements, d’Afrodystopie et de souveraineté moderne rendent compte.

PT

Descolonizar a visualidade, descolonizar a mente - A ideia central desta comunicação é mostrar como o poder colonizador interior ao espírito de quem vê, faz com que essa pessoa veja o mundo de forma diferente do que é. Pois ver o outro é ver através da visão desse poder. Por exemplo, ver num ser humano um macaco, um demónio, um espírito ou um humano, é vê-lo através do olho do macaco, do olho do diabo, do olho do espírito ou ao contrário, do olho do próprio humano em si. Porque só o macaco reconhece o macaco nos outros, só o espírito reconhece o espírito nos outros, e só o humano reconhece o humano nos outros. Esses processos visuais pelos quais uma pessoa vê a realidade interna em si mesma como realidade externa é o que chamamos de imperialismo pós-colonial, ou o imperialismo dos deslumbramentos. Aquele que está deslumbrado vê a realidade de forma diferente do que é. Esse imperialismo pós-colonial dos deslumbramentos, que é, portanto, o imperialismo das imagens, é um conceito crítico das teorias pós-coloniais, desde logo porque sugere a ideia de algo além do imperialismo ou da colonização. Porque, em nossa opinião, vivemos em situações pós-coloniais da mesma forma que vivemos no sonho de um Outro, que a nossa pesquisa de campo, no Congo e no Gabão, nos deu a conhecer como o Branco, cuja imagem e pátria são o dinheiro. O valor do dinheiro é um poder mágico que a figura de Mami Wata, a mulher branca, trans-natureza (tanto peixe como humana), transgénero (tanto masculino quanto feminino), "simboliza" no espírito, ou seja, no realidade profunda da vida quotidiana. Como tal, tanto o Branco quanto o Dinheiro são fetiches, que dão felicidade. Nesse sentido, a pátria dos brancos é a pátria da felicidade, o que corresponde ao padrão de pensamento da imigração onde o algures europeu ou americano, sobretudo, mas também, em certos casos, o algures africano, onde há oportunidades de ganhar dinheiro, é retratado como um lugar para "buscar a vida". Do mesmo modo, no espírito que prevalece nos países do Golfo da Guiné, cujo oceano os portugueses qualificaram de "mar tenebroso", conta-se, muito seriamente, como é o caso do Gabão, que o famoso Comandante Cousteau viu coisas místicas que nunca tinha visto em nenhum mar do mundo. Em suma, a nossa comunicação problematizará essas visualidades das coisas (dinheiro), dos homens (brancos), dos espaços mentais (países) e das imagens psíquicas da violência do imaginário colonial, que os conceitos de imperialismo pós-colonial, de sociedades dos deslumbramentos, de Afrodistopia e de soberania moderna dão conta.

EN

The central idea of ​​this talk is to show how the colonizing power within the spirit of the beholder makes him see the world differently than it is. For to see the other is to see through the vision of this power. For example, to see in a human being a monkey, a demon, a spirit or a human, is to see him through the eye of the monkey, the eye of the devil, the eye of the spirit or, on the contrary, the eye of the human itself. Because only the monkey recognizes the monkey in others, only the spirit recognizes the spirit in others, and only the human recognizes the human in others. These visual processes by which a person sees inner reality in himself as external reality is what we call postcolonial imperialism, or the imperialism of dazzlements. One who is dazzled sees reality differently than it is. This postcolonial imperialism of dazzlements, which is therefore the imperialism of images, is a critical concept of postcolonial theories as soon as they suggest the idea of ​​something beyond imperialism or colonization. Because, according to us, we live in post-colonial situations as we live in the dream of an Other. Our field research in Congo and Gabon reveal it to us as being the White, whose image and homeland are the money. The value of money is a magical power that the figure of Mami Wata, the white woman, trans-nature (both fish and human), transgender (both male and female), "symbolizes" in the spirit, that is, in the deep reality of everyday life. As such, White, like Money, are fetishes, which give happiness. In this sense, the homeland of Whites is the homeland of happiness, which corresponds to the pattern of immigration thinking where the European or American elsewhere, above all, but also, in certain cases, the African elsewhere, where there are opportunities to earn money, is portrayed as a place to "pursue life". In the same way, in the spirit that prevails in the countries of the Gulf of Guinea, whose ocean the Portuguese called a "dark sea", it is said very seriously, as in the case of Gabon, that the famous Commander Cousteau saw mystical things that he had never seen in any sea in the world. In short, our keynote will problematize these visualities of things (money), of men (white), of mental spaces (countries) and of the psychic images of the violence of the colonial imaginary, that the concepts of post-colonial imperialism, dazzling societies, aphrodystopia and modern sovereignty represent.


Bio


PT

Joseph Tonda é Professor de sociologia e antropologia na Universidade Omar Bongo, em Libreville, Gabão. É o autor de inúmeros artigos, tendo vários livros publicados, incluindo Afrodystopie – La vie dans le rêve d’Autrui [Karthala, 2021]; L’Impérialisme Postcolonial – Critique de la Société des Éblouissements [Karthala 2015]; Le Souverain Moderne: Le corps du Pouvoir en Afrique centrale (Congo, Gabon), [Karthala 2005], , La Guérison Divine en Afrique Centrale (Congo, Gabon) [Karthala 2003]. É também escritor literário tendo publicado Tuée-tuée Mon Amour (LA DOXA éditions, Paris, 2017) e Chiens de Foudre (ODEM, Libreville 2013). Joseph Tonda é consultor científico do projeto de investigação Photo Impulse.

EN

Joseph Tonda is Professor of sociology and anthropology at Omar Bongo University in Libreville, Gabon. He is the author of inumerous articles and publications, having published various books, including Afrodystopie – La vie dans le rêve d’Autrui [Karthala, 2021]; L’Impérialisme Postcolonial – Critique de la Société des Éblouissements [Karthala 2015]; The Modern Sovereign: The Body of Power in Central Africa (Congo, Gabon) [Karthala 2005 / Seagull Books 2020], La Guérison Divine en Afrique Centrale (Congo, Gabon) [Karthala 2003]. He is also a literary writer and has published Tuée-tuée Mon Amour (LA DOXA éditions, Paris, 2017) e Chiens de Foudre (ODEM, Libreville 2013). Joseph Tonda is a scientific consultant of the research project Photo Impulse.


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